O Ministério Público de Mossoró está fechando o cerco aos comerciantes da cidade que insistem em colocar mercadorias nas calçadas atrapalhando o acesso dos pedestres. A recomendação da promotoria é que os lojistas retirem esse tipo de material num prazo de 15 dias que ainda está em curso, mas o pedido não está sendo acatado pela maioria dos comerciantes.
Acompanhe na reportagem de Carlos Adams e Almir Morais
Andar pelas calçadas do centro de Mossoró definitivamente não está muito fácil. Com tantos objetos no meio do caminho os pedestres precisam redobrar a atenção pra não esbarrar em nada.
– Está horrível, horrível mesmo – afirma a aposentada Nicinha Duarte.
O problema que afeta os pedestres é ocasionado nas maioria das vezes pelos lojistas que extrapolam os limites do comércio até a calçada. Eles colocam pneus, antenas parabólicas, panelas, mesas com ervas, tudo pra chamar mais atenção de quem passa. Os camelôs também não ficam pra atrás não. É só encontrar um espaço na calçada pra armar a barraca e exibir os produtos.
– Eles tem que procurar outro local, ou deixar o espaço para que a gente pudesse caminhar normal nas calçadas – diz Marcos Antonio Gomes, aposentado.
Seu José Holanda, que já esbarrou várias vezes em objetos pelas calçadas, condena esse tipo de comportamento.
- Falta de educação, falta de amor ao próximo, falta de cooperação, egoísmo uma série de coisas – relata o aposentado José Holanda.
Josilene é cadeirante desde os dois anos de idade. Além de enfrentar as barreiras arquitetônicas, ela sofre com algumas calçadas apertadas do Centro.
– É um desafio porque você tem que passar por cantos apertados, tem muita mercadoria, plantas no meio das calçadas, as próprias pessoas não respeitam quando o cadeirante vai passar - conta Josilene Lacerda, professora.
O problema chegou ao Ministério Público e ganhou repercussão na câmara municipal da cidade. No último dia 19 de julho, a procuradoria em parceria com outras entidades promoveu uma audiência pra discutir como desobstruir as calçadas exploradas por muitos comerciantes. O promotor de defesa da pessoa com deficiência diz que é tudo uma questão de educação.
– A falta de educação do nosso povo para questões de inclusão, questões que deveriam ser de usar bem o espaço coletivo, que aquele espaço deveria ser um espaço de todos - analisa Sasha Alves do Amaral, promotor de defesa da pessoa com deficiência e dos idosos.
Na audiência ficou acordado que os comerciantes teriam 15 dias para retirar as mercadorias das calçadas, mas já se passaram 10 dias do prazo e o que se percebe é quase nenhum lojista acatou a norma. Diante disso o Ministério Público já sabe que a recomendação não será cumprida no prazo estabelecido.
Mesmo não atingindo a meta, a promotoria não irá forçar nenhum a lojista a retirar os produtos contra a vontade, pelo menos não agora. A ideia nesse primeiro momento, segundo o promotor, é conscientizar os comerciantes sobre a causa e também convocar a secretária de urbanismo e a gerência de trânsito para iniciar as fiscalizações nas calçadas prejudicadas.
– A gentes espera que a partir de agora, possa existir de fato, de forma sistemática, essa atuação. O ministério público vai ter essa ação sistemática de fiscalização, mas principalmente do poder público municipal fiscalizando os lojistas e dos lojistas também cumprindo o seu papel nessa parte de você fazer um espaço de inclusão, de incluir aqueles que por um motivo ou outro não teriam acesso tão fácil a uma calçada – finaliza Sasha Alves do Amaral, promotor de defesa da pessoa com deficiência e dos idosos.
Respeito ao direito de ir e vir com segurança é isso o que todo mundo quer.
– As pessoas com deficiência não tem que se adaptar ao mundo não,é o mundo que nós vivemos que tem que se adaptar- afirma Josilene Lacerda, professora.
Fonte: in360
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